terça-feira, 1 de setembro de 2009

As antas da praça de alimentação

Há algumas semanas, tive a péssima idéia de almoçar fora do prédio em que eu trabalho. Em ocasiões normais, gosto de fazer isso para mudar um pouco a rotina alimentar, porque o restaurante interno não varia muito a comida, embora seja o melhor custo X benefício da Av. Paulista (R$ 17,20 o quilo, com tang e gelatina ou fruta inclusos).

Nesse dia em questão, resolvi comer na Subway do Center 3, em frente ao Conjunto Nacional. Peguei o lanche e fui procurar um lugar para sentar, naquelas mesas de 6 lugares. Achei um canto vago onde estavam 3 garotos que já tinham terminado de comer. Pedi licença, sentei e quase imediatamente começou:

"Véio, catei meu primo comendo a minha vó!"
"Tá zoando, mano."
"Não, sério, foi mó traumático."
"Isso não é nada, cê tá ligado que eu vejo minha vó pelada todo dia."
"Que isso, mano, fala sério!"

Até aí eu estava ignorando e comendo meu lanche. Já tive a idade deles e ouvi muita besteira parecida, sabia que era só uma estratégia para me importunar. As histórias não tinham nexo e eles riam de cada uma, por mais absurda que fosse. Quando perceberam que eu não ia sair da mesa, começaram a apelar:

"Orra, mano, tá ligado que eu não como mais na Subway, sabia?"
"Por que, véio?"
"A última vez pedi um lanche de [descreve o que eu estava comendo] e veio um tufo de cabelo dentro."
"Como assim um tufo? Como foi parar lá?"
"Sei lá, mano, falta de higiene."

DETALHE: os idiotas ainda estavam com as bandejas da Subway na mesa.

Aí foi uma festa, descreveram cada ingrediente do meu lanche, qual era estragado, qual dava barato, qual dava diarréia. Fazia séculos que eu não era importunado dessa maneira gratuita e ofensiva, desde o ginásio. Consegui comer o lanche, mas o dano psicológico já estava causado. Que me desculpem os portadores de necessidades especiais, mas eram 3 adolescentes retardados, cabulando aula, falando merda e me enchendo o saco.

Senti um pouco de pena dos pais daqueles bostinhas, que devem gastar uma nota preta com escola perto da Av. Paulista. Tanto sacrifício para o filho ficar aporrinhando os outros no shopping. Eu sei que provavelmente eram filhos de empresários, juízes, advogados, para quem dinheiro não é problema, mas me causaria um desgosto imenso ser pai de uma anta dessas.

O que nos traz ao origami de hoje: O Tapir malaio de Jun Maekawa. Fiz questão de aprender em homenagem aos meus companheiros de almoço, que caiam no mar antes de chegar na Disneylândia.

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